Microséries feitas para a internet viralizam na China

Microséries feitas para a internet viralizam na China

O enorme sucesso dos "wei ju" ou microdramas - séries curtas feitas para rede social - fez as produtoras chinesas investirem mais, focados em conquistas o mercado internacional. Com algumas delas viralizando na China, cada vez mais estúdios fazem produções elaboradas, inclusive com atores conhecidos.  

A Administração Nacional de Rádio e Televisão da China lançou um projeto de incentivo, que prevê o lançamento de cerca de 300 novos microdramas por ano, a partir de 2025.

O que é um microdrama?

Os microdramas são séries com episódios de poucos minutos, com narrativas rápidas e reviravoltas frequentes, destinadas a capturar a atenção. Em média, cada produção tem cerca de 50 episódios. Muitas já são filmadas verticalmente, pensando em facilitar a visualização em celulares.

Os enredos geralmente giram em torno de romance, vingança ou romances que lembram contos de fada. Os aplicativos de mídia social Kuaishou (Kwai no Brasil), RedNote, Douyin (Tik Tok no Brasil) e as plataformas de streaming Bilibili, iQIYI, ReelShort, DramaBox e GoodShort já têm seus próprios sucessos.

Essas séries curtíssimas surgiram na China em 2018, logo atraindo jovens espectadores acostumados a passar muito tempo vendo vídeos no celular. Sua popularidade cresceu durante a pandemia do coronavírus. A maioria das séries oferece os primeiros episódios e depois cobram dos usuários para desbloquear o restante.

Mais recentemente, as produtoras começaram a apostar em tramas de ficção científica, suspense e temas históricos. Vários conteúdos agora também são exibidos na televisão.

Popularidade gera lucro

Estima-se que essa “indústria de microdramas”, que já emprega mais de 220 mil profissionais, arrecadou mais de US$ 5 bilhões em 2024 e em 2025 deve chegar a 7 bi. Agora, rivaliza com os setores de cinema e televisão, atraindo um número cada vez maior de espectadores e dando muito lucro. Com isso, atraíram investidores por causa do seu baixo custo e retornos rápidos. Séries inteiras podem ser produzidas em menos de uma mês.

No ano passado, os microdramas alcançaram 662 milhões de expectadores somente na China, de acordo com um relatório da Associação da Indústria de Produção Dramática de Televisão da China.

No início deste ano, o microdrama “My Sweet Home “se tornou um sucesso improvável na China, acumulando mais de 1 bilhão de visualizações em apenas três dias após o lançamento. São 79 episódios contando a história de dois jovens pais solteiros na China dos anos 1980, que desafiam as convenções sociais para criar uma família.

Exportando sucessos

Títulos como “Addicted Only to You” e “White Moonlight” conquistaram fãs dedicados em países como Malásia. Tailândia, Vietnã e Indonésia, onde os C-dramas têm ganhado popularidade na última década.

Na cidade de Quzhou, província de Zhejiang, no leste da China, um centro de microdramas está surgindo. Na Meigao Short Drama Super Factory, mais de 200 sets prontos para filmar – de hospitais e aeroportos a vilas e tribunais – estão reunidos em uma única área de produção. Jovens criadores podem entrar e começar a filmar. Uma narrativa rápida e ininterrupta é a estratégia, combinando recursos tradicionais com criatividade digital para impulsionar a transformação industrial.

Muitos produtores estão de olho agora nos mercados ocidentais. Já existem produções feitas para exportação, com roteiros em inglês e, muitas vezes, envolvendo participação de atores ocidentais e co-produção com estúdios de Los Angeles.

Gigantes da tecnologia da China, como Tencent e Baidu, investiram milhões de dólares no ReelShort. O aplicativo oferece microdramas em inglês com títulos como "Billionare’s Mask" e "My Secret Husband is my Boss".

A indústria começou a atrair a atenção do grande público nos EUA no final de 2023, quando "The Double Life of my Billionaire Husband" – um drama sobre uma jovem que se casa com o herdeiro problemático de uma família rica – se tornou um sucesso, acumulando quase 500 milhões de visualizações somente no ReelShort.

O fato é que os microdramas chineses estão redefinindo o conceito de maratonar, uma vez que todos os episódios somados são pouco maiores que à extensão de um filme de longa-metragem. A ideia é produzir um conteúdo que engaje e possa ser assistido no deslocamento para o trabalho, em intervalos da escola ou do trabalho, ou durante alguma refeição.

Gostou da publicação ? Então compartilhe!

Receba nossos conteúdos exclusivos

Assine nossa newsletter e fique por dentro de todos nossos conteúdos exclusivos em primeira mão, não perca essa chance, assine!