Xangai é um dos quatro grandes cidades com o status de município de administração direta da China. Localizada no estuário sul do rio Yangtzé, banhada pelo rio Huangpu, a cidade abriga cerca de 26,3 milhões de habitantes, sendo a mais populosa do país e uma das maiores do mundo. É também a única cidade do Leste Asiático com um Produto Interno Bruto (PIB) superior ao da capital nacional, Beijing.
Considerada o motor financeiro da China e uma das maiores potências econômicas do planeta, Xangai é um centro global de negócios, tecnologia, educação, manufatura, turismo e cultura. O Porto de Xangai é o mais movimentado do mundo em volume de contêineres, e a cidade figura constantemente entre as mais influentes do cenário econômico internacional.
De vila de pescadores à fama mundial
A história de Xangai é marcada por grandes transformações. Originalmente uma vila de pescadores, sua localização estratégica às margens do Yangtzé favoreceu o crescimento do comércio interno e externo. No século XIX, a cidade foi um dos cinco portos forçados a abrir ao comércio europeu após a Primeira Guerra do Ópio (1839–1842).
Esse período marcou o início de uma nova era. O Acordo Internacional de Xangai e a Concessão Francesa criaram zonas controladas por potências estrangeiras, que transformaram o cenário urbano e a vida econômica local. Durante as décadas seguintes, Xangai cresceu rapidamente, torando-se o principal centro comercial e financeiro da Ásia nos anos 1930.
Após a fundação da República Popular da China em 1949, ela passou por transformações. Porém, nos anos 1990, com as reformas econômicas de Deng Xiaoping, Xangai iniciou um processo de muita prosperidade. A região de Pudong, antes rural, foi escolhida para simbolizar a nova China moderna e aberta ao capital estrangeiro. O resultado foi em poucos anos uma metrópole ultramoderna, repleta de arranha-céus e sedes de multinacionais.
Atualmente, a cidade abriga a Bolsa de Valores de Xangai, uma das maiores do mundo, e a Zona de Livre Comércio de Xangai, a primeira do gênero na China continental. É classificada como uma cidade global “alfa+” pela Globalization and World Cities Research Network e ocupa o terceiro lugar entre os centros financeiros mais competitivos do planeta, atrás apenas de Nova York e Londres.
Força econômica e a vocação cosmopolita
Xangai é descrita como a “vitrine” da economia chinesa. Sua força industrial e tecnológica é complementada por uma crescente influência cultural e acadêmica. A cidade abriga instituições de prestígio, como a Universidade Fudan e a Universidade Jiao Tong, reconhecidas pela excelência em pesquisa científica.
Além disso, é sede do Novo Banco de Desenvolvimento, criado pelos países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), e de dezenas de representações diplomáticas. Eventos internacionais, como a Semana de Moda de Xangai e o Grande Prêmio da China de Fórmula 1, reforçam seu papel como uma das principais capitais globais.
Atrações turísticas
Apesar do futurismo de Pudong — com sua paisagem marcada por torres espelhadas e arquitetura arrojada —, Xangai também preserva memórias do passado. Do outro lado do rio Huangpu, o bairro Bund exibe construções coloniais dos séculos XIX e XX, como o edifício da Alfândega, o Hong Kong & Shanghai Bank e o tradicional Peace Hotel.
A mistura entre o antigo e o moderno é uma das características mais marcantes da cidade. A arquitetura art déco, o estilo shikumen (casas de pedra típicas da região) e templos tradicionais convivem com modernos centros de convenções e avenidas iluminadas.
Um dos principais cartões-postais de Xangai é o Jardim YuYuan, também chamado de “Jardim da Felicidade”. Construído em 1559, durante a Dinastia Ming, o local é um exemplo clássico da estética chinesa tradicional. Pavilhões ornamentados, lagos com carpas e pontes sinuosas formam um cenário de serenidade no coração da metrópole.
Para quem busca compreender melhor a herança cultural chinesa, o Museu de Xangai, localizado na Praça do Povo, é parada obrigatória. O museu abriga mais de 120 mil peças de arte antiga, incluindo bronzes, cerâmicas, pinturas e caligrafias. Um dos seus tesouros é o espelho de bronze transparente da Dinastia Han, raríssimo exemplar histórico.
Entre as construções mais icônicas está a Torre de TV Oriental Pearl, com 468 metros de altura. Inspirada em um poema da Dinastia Tang, a estrutura abriga mirantes, restaurantes giratórios e um pequeno museu histórico. Recebe cerca de três milhões de visitantes anuais.
Outro destaque é a Shanghai Tower, inaugurada em 2015. Com 632 metros e 128 andares, é o edifício mais alto da China e o segundo maior do mundo, superado somente pelo Burj Khalifa, em Dubai. O arranha-céu abriga escritórios, restaurantes e o luxuoso J Hotel, localizado no topo da torre, com diárias que ultrapassam dez mil dólares.
Ao lado, o Shanghai World Financial Center — o famoso “abridor de garrafas” — tem 492 metros de altura e 101 andares. Sua abertura no topo foi projetada para reduzir a pressão do vento e se tornou um marco da engenharia arquitetônica contemporânea.
Curiosidades locais
Entre as peculiaridades da vida cotidiana em Xangai, uma delas chama atenção pela criatividade: o “mercado matrimonial” que acontece nos fins de semana na Praça do Povo. Pais e mães se reúnem com cartazes escritos à mão, geralmente fixados em guarda-chuvas, para divulgar informações sobre seus filhos solteiros — idade, altura, profissão e até preferências de parceiro. O costume, que mistura tradição e pragmatismo, se tornou um curioso retrato da sociedade moderna chinesa.
Outra curiosidade é o trem maglev, orgulho da engenharia local. É o único trem de levitação magnética em operação comercial no mundo e pode atingir 431 quilômetros por hora. Ele liga o Aeroporto Internacional de Pudong à Estação Longyang Road em apenas oito minutos, percorrendo cerca de 30 quilômetros. O sistema utiliza campos magnéticos para suspender o trem alguns centímetros acima dos trilhos, eliminando o atrito e proporcionando uma viagem silenciosa e extremamente veloz.
Com a maior rede de metrô do planeta, Xangai garante mobilidade a milhões de pessoas diariamente. A cidade investe constantemente em tecnologia, sustentabilidade e urbanismo inteligente. Parques, avenidas largas e sistemas de transporte eficientes fazem parte do esforço de tornar a metrópole mais acessível e verde.








