No Dia do Imigrante, conheça melhor os fluxos migratórios na China

No Dia do Imigrante, conheça melhor os fluxos migratórios na China

Hoje, 25 de junho, é o Dia do Imigrante. Essa é uma boa oportunidade para lembrar como ocorreram os fluxos migratórios na China.

Durante décadas, a China foi sinônimo de diáspora massiva, com milhões buscando nova vida em outras nações. Hoje, a tendência é de reversão do cenário. O Relatório Mundial sobre Migração 2024 mostra que o gigante asiático é uma das economias do BRICS que se tornaram polos estratégicos.

Segundo dados oficiais, no último ano, o fluxo de estrangeiros rumo à China retomou seus níveis pré-pandemia, impulsionado pela reabertura das fronteiras, políticas econômicas mais flexíveis e novos programas de atração de talentos internacionais. Os números mostram um interesse crescentes de estrangeiros por viver, trabalhar ou estudar no país asiático.

Segundo dados do Ministério da Segurança Pública da China, cerca de 845 mil estrangeiros residiam legalmente no país em 2023. Esse número representa um aumento de 21% em relação a 2022. As principais nacionalidades incluem sul-coreanos, americanos, paquistaneses, mexicanos e brasileiros.  

Fluxos históricos 

A formação da China atual, onde 56 etnias vivem em harmonia, é marcada por diversos fluxos migratórios ao longo de milênios. O principal movimento foi a expansão gradual do grupo étnico Han do norte da China (Vale do Rio Amarelo) para o sul e oeste. Simultaneamente, ondas de povos vindos do norte, noroeste e sudoeste, como Xiongnu, Xianbei, Tibetanos (Zang), Mongóis (Menggu), Tujia, Uigures (Weiwu'er), Hui e Manchus (Man), migraram para o território chinês. Guerras, mudanças climáticas e políticas imperiais dos países vizinhos impulsionaram esses deslocamentos. Vide a presença de grupos étnicos coreanos, russos e de’ang (originária de Mianmar).

Como resultado, embora os Han constituam hoje cerca de 92% da população, a China reconhece oficialmente 56 grupos étnicos, cujas presenças históricas em regiões específicas (como Tibete, Xinjiang, Mongólia Interior, Guangxi, Yunnan) são legados diretos desses antigos fluxos migratórios e da consolidação territorial chinesa.

No século XIX, a presença de estrangeiros se concentrava em portos como Cantão (atual Guangzhou), Xangai e Hong Kong, sob influência das potências ocidentais após a Primeira Guerra do Ópio (1839–1842). O Tratado de Nanquim (1842) e acordos posteriores garantiram a criação de “concessões internacionais” e áreas de extraterritorialidade, como a Concessão Francesa em Xangai, que atraiu comerciantes britânicos, franceses, russos e norte-americanos.

Segundo o historiador britânico Robert Bickers, da University of Bristol, mais de 300 mil estrangeiros viveram em cidades portuárias da China entre 1842 e 1949. “Eram comerciantes, missionários, diplomatas, militares e refugiados, principalmente de origem europeia e japonesa”, afirma em seu livro “Empire Made Me”.

Entre o final do século XIX e o início do XX, também houve fluxos migratórios de russos para Harbin, no nordeste da China, a maioria judeus. Estima-se que, entre 1903 e 1930, cerca de 20 mil deles na Manchúria, segundo dados do Harbin Jewish History and Culture Association.

Com as reformas econômicas de Deng Xiaoping, e a criação das Zonas Econômicas Especiais, como Shenzhen, marca a retomada de movimentos migratórios de estrangeiros na década de 1980. Segundo estatísticas oficiais da Administração Estatal de Imigração da China, o número de estrangeiros com visto de residência aumentou de 20 mil, em 1980, para 600 mil em 2010.

Durante os anos 1990 e 2000, a China se consolida como destino migratório regional. Coreanos, paquistaneses, africanos ocidentais e empresários do Sudeste Asiático se estabelecem em centros urbanos e industriais. A cidade de Yiwu, conhecida como “capital mundial do pequeno comércio”, abriga uma das maiores comunidades árabes da Ásia Oriental. Reportagem do The New York Times (2014) estimava cerca de 20 mil árabes vivendo na cidade.

Em paralelo, a Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI), lançada em 2013, estimula a circulação de trabalhadores, engenheiros e estudantes vindos da Ásia Central, África e América Latina. Na última década, o rápido desenvolvimento do país passou a atrair profissionais de alto nível nas áreas de tecnologia e pesquisa. Segundo o China Daily, mais de 25 mil estrangeiros receberam o visto “Categoria A” entre 2021 e 2023, o que inclui pesquisadores, empreendedores e especialistas em inteligência artificial.

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